Pesquisar este blog

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Quase, quase Deuses!



Saiu uma revista nova, chamada Conhecer. A referência é boa, é uma versão brasileira da Knolegde, produzida pela BBC.
Se não fosse por outra coisa, achei um artigo bem interessante sobre um negócio chamado biologia sintética, ou bioengenharia.
O que é isso? basicamente, brincar de Deus.
Seria essa a grande chance do doutor Frankestein? Pode ser que sim... Ou não?...
Vamos lá, como bons e normais seres humanos, primeiros a gente pensa; " O que isso tem com a minha vida?"
Bom, tem cura do câncer, tem uma embalagem ou produto que mudam de cor quando a coisa está vencida, remédio pra malária, ou uma bactéria que fermenta lixo muito rapidamente. Bom!
Mas... MAS, Coisas ruins acontecem, mesmo para pessoas boas como nós. Criaturas inteligentes, e portanto, de grande bom senso, certo?
O grupo de pressão ambiental amigos da terra ( FoE, em inglês ), aponta alguns probleminhas em potencial.
NÃO será dessa vez que veremos formigas gigantes. Os amantes de filmes B em preto e branco, esqueçam! - Bom, pelo menos a lógica não aponta pra aí -.
É que biotecnologia, trata-se basicamente de rearranjar blocos de DNA, literalmente com uma enorme construção de legos.
Isso quer dizer, criar vida, praticamente do nada.
Como os autores, Adam Rutheford e Paul Parsons explicam, é como um programa de computador. Os BioBlocos ( BioBricks, em inglês ) gerar um organismo com uma função programada, bastando determinar o código desejado para criar vida completamente nova.
Curioso é o fato de haverem mais que biólogos trabalhando na área. Químicos, cientistas de materiais e engenheiros trabalham em projetos, por exemplo, para competir na " Máquina Geneticamente Alterada" ( iGEM, sigla em inglês ), uma conpetiçãoque acontece no Massachussets Intitute of Tecnology ( MIT ).
Os alunos trazem organismos criados no verão anterior, e o resultado mais útil e criativo, leva um bloco gigante de Lego, o símbolo mais claro do que fazem.
Certo, então agora podemos entender um pouco da preocupação do pessoa, da FoE, certo?
E, se, alguém combinar a coisa errada? Da maneira errada? Na hora errada? Lugar?
Enfim,as variáveis são muitas, muitíssimas. Nunca vi a expressão " Faca de dois gumes" tão claramente representada. Como dizem os autores no final da matéria, o negócio é ter cuidado e responsabilidade.
Quem viver verá!

Pode, sim...

De meu filho, enquanto caminhávamos:
" - Pai, a gente pode tomar banho de mar nessa praia? ( Coqueiros... ).
- Pode, mas não deve.
- ...?
- Tu podes beber água de poça?
- Não!
- Podes sim. Posso brigar, te impedir, mas se quiseres mesmo, podes. Mas não bebes. Porquê?
- Faz mal...
- Essa praia, já foi limpa, mas hoje, têm esgoto misturado. Tem coisa nessa água, que nem gosto de pensar. Não era assim antes, mas é hoje. Podes entrar nesse mar?
- Posso!
- ...Mas agora não vais fazer, porque não vai te trazer nada de bom. Tu já sabes. Então, pode-se muita, muita coisa mesmo. Tanta que a gente nem acredita se for pensar bem. O difícil, quase sempre, o segredo de verdade, é a gente saber o que fazer, e não se pode... "

Acho que devo andar mais com meu filho. Ando aprendendo coisas muito importantes. Ele faz boas perguntas.

Um pouco do judeu errante


Algumas personagens são interessantíssimas. Trafegam pelo imaginário humano, trazendo sobre si uma enorme carga simbólica, misturando-se, no inconsciente coletivo ao Caldo Original, dando rosto ao caos de aspirações, pulsões, fobias, desejos etc.

São intérpretes de nossos sonhos, materializando, refletindo, permitindo.

Vez por outra, encontro um deles. Ou melhor; agarro-o pelo braço, e vou com ele conversando agradavelmente, mesmo que se trate de Átila – Garanto que ele não era o flagelo dos deuses quando bebia cerveja com leite de búfala com os amigos, ou quando punha um dos seus pequenos no joelho pra brincar - .

Todo esse papo, é pra falar de um camarada que anda, sempre de maneira discretíssima, embora faça parte da história mais contada, representada e talvez estudada do ocidente. Este senhor é o judeu errante.

Não, não vai aqui nenhum tipo de anti-semitismo. Simplesmente era assim chamado o sujeito, aliás, judeu como o próprio Jesus – Há os que detestem lembrar este pedacinho da biografia de JC -.

Muita gente ouviu falar vagamente quase sempre, no velho ossudo de cabelos e barbas brancas, com um olhar melancólico e um tanto distante, sempre de passagem, sempre deixando uma ajuda, um conselho, uma lição, ou ao menos uma triste história.

Ele já fez-se chamar Marcos, Davi, Jacques, Isaac laqueden, João, Yohan e muitas vezes, Ashaverius, ou Ahaverus.

Foi o sujeito que reclamou da balbúrdia provocada pela passagem de Jesus na Via Dolorosa, quando estava indo ao Calvário.

Resumindo a história, Ashaverius, o sapateiro, puto porque a confusão provocada pela passagem de Jesus atrapalhava-lhe os trabalho, esmurrou-o e Disse: “ ... – Vai andando! Vai logo!!! “, ao que Jesus, resolvendo não deixar barato, respondeu: “ ... – Eu vou, mas tu, ficarás até minha volta! “

Pronto. Logo o camarada teve de partir, pois morriam os vizinhos e parentes, mas ele, nada. Um vizinho assim, mais cedo ou mais tarde, chama atenção sabe, ainda mais num lugar sem TV.

Fato é – ou não – que ele têm de esperar a volta do Senhor. Se tiver aprendido bons modos, e pensar antes de bater nos outros, ganha o direito de morrer, e acho que um cantinho no Céu convinha, pois agüentar mais de dois mil anos de humanidade é dose pra Jó nenhum botar defeito!

Em alguns artigos, o início do boato sobre suas andanças é datado nos primeiros tempos do Islamismo ( Cerca do ano 622 da era cristã ) sem Especificar o local. Outros, o põe em Constantinopla, no século IV.

O fato é que quase sempre, este senhor surge como que do nada, andando – Claro – e inadvertidamente deixa escapar sua origem. Então, dá um jeito e desaparece, meio tipo o Mestre do magos na caverna do dragão.

Em 1228 o arcebispo da Grande Armênia dizia ter conversado com um sujeito que lhe contou perfeitamente como foi a paixão de Cristo. Chamava-se Carthaphilus, porque esmurrara o Senhor.

Muita gente acabou conversando com este homem. Um pouco mais recentemente, Borges o cita tão intimamente – Chama-o inclusive de Joseph, Joseph Carthaphilus, e dá sua profissão a de – convenientemente - antiquário.

O Errante, anda mesmo. Têm-se notícias dele em Damasco, na Síria. Algumas poucas décadas ou séculos depois, vadiou pela Península Ibérica, sob o singelo pseudônimo de “ Juan Esperendios” ( “ espera em Deus”), mas sumiu, pra voltar a ser visto na Itália, onde respondia por Giovanni Buttadeo (“bate em Deus”), mas logo, - Era apenas o século XVI, afinal de contas, e viajar era praticamente um modo de vida - partiu pra Alemanha, onde o Bispo de Hanburgo afirmou tê-lo conhecido pessoalmente, inclusive publicando a conversa que tiveram.

Existem relatos de passagens suas até no Brasil, onde descobriu-se – será que foi ele quem contou? – que só lhe é permitido parar mesmo na Sexta Feira da Paixão, pra assistir a missa. Mas, finda a tal, volta o errante a errar.

Rogésio de Wendower, lá por 1237 já contava sobre ele. Veio Chrysostomos Dudulaeus, citando-o em uma carta de 29 de Junho de 1547, e quem sabe mais quantos, a contar pequenas passagens da sua biografia de lá pra cá, incluindo o brasileiro João Ribeiro ( O Folclore, 308 ).

Gostaria mesmo, de encontrá-lo dando algum pão aos pombos, num talvez raro momento de repouso, e acompanhá-lo por algum tempo, ouvir dele, em seu português perfeito – embora um tanto arcaico, desconfio – das coisas que viveu, pessoas que conheceu, e lugares onde esteve.

Decerto que teria de andar um bom pedaço só pra saber de pequena parte, mas pediria que andasse mais divagar, em respeito `a minha pouca idade.

Desconfio, e não sei porquê, que seu andar seja célere, e uso esta palavra, talvez meio fora de uso, por combinar perfeitamente com ele, que aliás, saltou pra fora dos usos e desusos.

Este caminhante, partiu mesmo do espaço dos mitos, pois põe alguns a pensar, não se é eterno, e levou um pito exemplar de Jesus, mas, no que poderia me contar, esse camarada, conhecido por tanta gente interessante e certamente conhecedor de algumas coisas boas pra se ouvir.